Construção civil cresce pelo quarto mês consecutivo
A produção do setor está mais vigorosa do que o usual para o mês.
A sondagem da construção civil, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra que em maio o setor registrou o quarto mês consecutivo de crescimento. Com base em entrevistas a empresas do setor, a CNI calculou que o indicador de evolução do nível de atividade da construção subiu de 53,9 pontos em abril para 55,8 em maio. Pelos critérios da sondagem, pontuações superiores a 50 mostram evolução ou expectativa positiva, enquanto números inferiores a essa marca sinalizam retração ou expectativa negativa.
A produção do setor está mais vigorosa do que o usual para o mês. Essa foi a conclusão do cálculo específico da CNI para o nível de atividade do mês em relação ao que é padrão para igual época do ano. Nesse cálculo, a nota para o mês de maio foi de 55,6.
Otimismo – Os empresários do setor também estão mais otimistas sobre o futuro. Segundo a CNI, a perspectiva para os próximos seis meses ficou em 77,8 pontos, o que indica que deve ocorrer aumento da atividade. A confiança está se fortalecendo mais, principalmente entre dirigentes das pequenas e médias empresas.
Entre as construtoras de pequeno porte, a expectativa para os próximos seis meses subiu de 61,3 em maio para 64,2 em junho. Entre as médias empresas, o índice de expectativa aumentou de 66,1 para 68,8. Entre as grandes construtoras, o otimismo caiu de 71,3 em maio para 69,9 em junho, embora ainda continue alto.
Juros – O Banco Central, ao aumentar a taxa básica de juros, caminha no contrassenso da economia e da visão que a CNI tem sobre o comportamento da inflação. A avaliação é do presidente da entidade, Robson Braga de Andrade. Para ele, não há necessidade de a autoridade monetária elevar a taxa de juros porque a meta de inflação para este ano, de 4,5%, deverá ser cumprida sem grandes dificuldades.
"A perspectiva que a gente tem é diferente daquela do BC", disse , acrescentando que a CNI não vê riscos de elevação da inflação. Segundo ele, o que se registrou de aumento de preços no começo do ano estava relacionado a questões sazonais, como itens da produção agrícola. Agora, "o que se vê é que a partir do segundo trimestre os preços voltaram ao nível adequado e a meta de inflação será cumprida sem nenhuma dificuldade."
Inovação – Quando se diz que a indústria está perto da utilização total da capacidade produtiva instalada, de 82% a 85%, os analistas, segundo o presidente da CNI, se esquecem de considerar os ganhos de produtividade.
"Estamos falando aqui da inovação, que na outra ponta leva ao aumento da produtividade. Temos também outros mecanismos, que são a automação das empresas e vários outros componentes que, complementados com investimentos, podem elevar muito a capacidade produtiva do País, fazendo com que os preços se mantenham em níveis adequados", afirmou Andrade.
Era uma menção à reunião de ontem com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, o secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Elias, e o diretor-técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Alberto Santos, em que anunciaram incentivos à inovação industrial .
Ele acrescentou que, como na visão da CNI não há risco de aumento da inflação, o País deveria ter juros mais competitivos – uma taxa real de 3,5% e uma nominal de 8%.
Investimentos – Os investimentos programados pelo setor industrial deverão ser confirmados, afirmou Andrade. Ele diz desconhecer ocorrências de investimentos da indústria cancelados por causa da crise econômica.
De acordo com ele, a indicação de que investimentos programados não deverão ser suspensos ou adiados é o Índice de Confiança do Empresariado Industrial (ICEI), divulgado na semana passada pela CNI. O índice atingiu 66 pontos, o nível mais elevado dos últimos quatro anos. "Isso mostra a confiança do empresariado brasileiro na economia do País, o que indica que os investimentos programados devem permanecer", diz Andrade.