A vez das pequenas e médias
Vimos nas últimas semanas muitas notícias de que as pequenas e médias empresas serão beneficiadas por novas linhas de crédito.
A importância delas é imensurável e já era hora de governo, instituições financeiras e investidores olharem com mais carinho para este segmento.
Segundo o Sebrae, as pequenas e médias serão quase 9 milhões até 2012 - hoje são pouco mais de 5 milhões. No entanto, para manter um crescimento sustentável e vislumbrar uma dessas novas linhas de crédito, é necessário que a empresa cumpra alguns pré-requisitos.
Não há mais espaço para informalidade e amadorismo. Para desfrutar de benefícios concedidos a grandes companhias, é preciso ter em mãos ferramentas atestando que não são aventureiros.
O governo já contribuiu para isso, exigindo a adesão ao SPED fiscal e contábil, nota fiscal eletrônica e certificação digital.
Cabe ao empreendedor aprender a ser um verdadeiro administrador. Um instrumento que deve colaborar nesta tarefa é a auditoria de desempenho.
Com ela, é possível obter um diagnóstico completo do negócio, como fontes de receitas, despesas, gargalos, processos etc. Uma bússola que ajudará a guiar a empresa com base em dados reais e não ao sabor do vento.
Ao mesmo tempo, a obtenção de crédito continuará restrita às companhias que conseguirem demonstrar melhor administração, às que forem mais transparentes e às que cumprirem todas as exigências legais para existir.
A abundância de crédito não vai beneficiar todas as pequenas e médias, mas sim aquelas que são profissionais. Ou você acha que um banco emprestaria dinheiro para o "Botequim do Zé"?
Para aproveitar este momento, é necessário cumprir com todos os deveres burocráticos e fazer até algo mais, como a auditoria. Tudo custa caro, mas o retorno será compensador.
Se esta é a hora de expandir o negócio ou fortalecer o fluxo de caixa, a primeira etapa é preparar cuidadosamente a documentação que será entregue ao banco.
É a partir dela que a instituição vai ou não conceder o crédito. Quanto mais informações e transparência houver, mais fácil a aprovação.
Buscar recursos disponíveis nas instituições públicas é também um caminho indicado e menos espinhoso, mas funciona melhor para microempresas. As taxas também continuam atraentes, porém a concorrência deve ser maior.
Daqui para frente, o sonho de ter um negócio próprio exige mais investimentos, mas haverá uma maior segurança também. O empreendedorismo não vai morrer.
Pessoas com boas ideias e com vocação continuarão a ter sucesso, mas terão que se cercar de profissionais competentes nesta área e estar sempre muito bem atualizados.
Não há como negar que chegou a vez do middle market no País. No entanto, para se beneficiar deste momento, não bastam uma ideia na cabeça e vontade de executá-la.
As pequenas e médias empresas ajudarão e muito o Brasil neste momento, mas isso só vai ocorrer quando o Brasil de fato ajudá-las a crescer.